• Produzida pela RTVE, EITB e Shine Iberia, esta série documental em duas partes mostra que o género não é uma questão binária (masculino/feminino).
  • Estreia na ETB2 e eitb.eus esta quinta-feira, 26 de junho, às 22:00, e na RTVE Play e La 2 este sábado, 28 de junho, às 23:00.

“Genderless”, a nova série documental sobre diversidade e tolerância produzida pela RTVE, EITB e Shine Iberia, está a chegar à televisão. O primeiro episódio desta nova produção pode ser visto a partir de quinta-feira, 26 de junho, às 22:00, na ETB2 e em eitb.eus. RTVE Play e La 2 estreiam-no no sábado, 28 de junho, às 23:00.

Não-binário, cis, demissexual, intersexo, género fluido, trans… A sociedade está a evoluir e a diversidade sexual e de género também. Genderless” é uma série documental em duas partes sobre diversidade e tolerância, que mostra que o género não é uma questão binária, que nem tudo se divide entre ser homem ou mulher, masculino ou feminino. Então, o que é o género não binário? Não se identificar com o género atribuído à nascença com base nos órgãos genitais e não se reconhecer como homem ou mulher. Mas, para compreender isto, é preciso partir do princípio de que sexo e género não são equivalentes e que a livre atribuição da identidade de género levanta questões complexas, ou mesmo controversas, que têm efeitos reais na nossa sociedade. Tudo tem um lado B, incluindo a identidade de género.

Quando uma pessoa descobre que não se sente nem homem nem mulher, surgem perguntas: Quem sou eu? Há algo de errado comigo? Porque é que o meu corpo me faz sentir rejeitado? “Genderless” resolve todas as dúvidas relacionadas com o facto de ser não-binário e dá voz àqueles que sofrem ou sofreram de disforia de género, que em algum momento sentiram rejeição em relação ao seu corpo ou ao género que lhes foi atribuído à nascença e que não se enquadram no socialmente estabelecido. Porque ser não-binário implica um caminho difícil de incompreensão, luta, sofrimento e, por vezes, rejeição. Além disso, a diversidade não diz respeito apenas ao género, mas também à orientação sexual. Embora a homossexualidade e a bissexualidade sejam socialmente aceites, há mais opções que ainda precisam de ser aprendidas e respeitadas.

Testemunhos únicos e honestos

Vários jovens contarão na primeira pessoa como vivem a sua identidade de género, os desafios que enfrentam diariamente, as soluções que encontram pelo caminho e o apoio que recebem das suas famílias. Os seus pais revelarão também o processo de aceitação que empreendem para os compreender, admitir e ultrapassar o “luto” que alguns deles sofrem. Em conjunto, partilharão as suas preocupações, os seus esforços para compreender o que sentem, as suas dúvidas sobre as hormonas e as cirurgias, e até a rejeição que os pais podem por vezes sentir em relação aos seus filhos.

Enquanto as gerações adultas lutam contra os rótulos, os jovens procuram dar um nome à realidade que vivem, uma vez que “o que não se nomeia, não existe”. Uma forma de se definirem e “verem que não estão sozinhos”. Em suma, para o grupo, é algo que “salva vidas”, uma vez que também enfrentam a rejeição e a homofobia, que nalguns casos termina em suicídio.

Em “Genderless”, psicólogos, sexólogos, activistas, endocrinologistas e um cirurgião plástico especializado em cirurgia de mudança de sexo vão esclarecer os aspectos mais controversos desta questão, bem como explicar como se forma e evolui a identidade de género ao longo dos anos. Enquanto alguns especialistas consideram este fenómeno um avanço social, outros vêem-no como uma moda passageira e centram a sua atenção na procura, por parte dos jovens, de serem diferentes, de terem um corpo que reflicta uma identidade pessoal, única e irrepetível. Abordará também as graves consequências de deixar nas mãos de adolescentes e crianças, pessoas altamente influentes, a tomada de decisões tão transcendentais, e mesmo irreversíveis em alguns casos, sobre o seu próprio corpo. Consequências como, por exemplo, o abuso de hormonas, a utilização de bloqueadores na adolescência e a realização de intervenções cirúrgicas.

Para muitas pessoas, é crucial compreender que a transição de género não envolve cirurgia genital. Muitas pessoas transgénero admitem submeter-se a uma vaginoplastia ou faloplastia devido à pressão social. Há quem tome a decisão por convicção ou por medo e receio de rejeição. No entanto, há pessoas que vivem em harmonia com o corpo que a natureza lhes deu.

A série documental expõe realidades e conceitos que ainda são desconhecidos do grande público. Convida-nos a refletir sobre o rumo que estamos a tomar, se estamos ou não a caminhar para uma sociedade sem género e se vivemos realmente numa sociedade livre, aberta e tolerante. Desta forma, leva-nos a questionar se integramos o diferente, se estamos dispostos a aceitar um filho ou filha não binário, se respeitamos a reprodução das pessoas trans, se educamos para a inclusão, se a legislação acompanha estas mudanças e se as redes sociais ajudam ou prejudicam. A homofobia e a transfobia são uma questão pendente na nossa sociedade e, entre outras questões, “Genderless” mostra que ainda há famílias que empurram os seus filhos para terapias de conversão, práticas ilegais para os convencer de que ser diferente é uma doença.